29 de março de 2024

Por 59 a 13 votos, senadores decidem manter Delcídio do Amaral preso

Sessão de julgamento durou quase cinco horas

Após quase cinco horas de sessão extraordinária, os senadores decidiram manter Delcídio do Amaral (PT) preso por 59 a 13 votos e uma abstenção. A Mesa Diretora opinou pelo voto secreto, mas acabou vencida pela maioria por 52 votos a 20. Os sul-mato-grossenses, Waldemir Moka e Simone Tebet, ambos do PMDB, se manifestaram em favor da votação transparente.

Os legisladores lamentaram o episódio vivido pela primeira vez. “É um dia triste porque estaremos não apenas fazendo o noticiário de amanhã, mas fazendo a história”, disse o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB/AL).

“Por um dia o Senado foi Delcídio do Amaral e o que ele fez foi errado, então é com muito constrangimento que votamos sim. Nunca passei por um dia mais constrangedor em todo minha vida pública e estou no quarto mandato”, resumiu José Agripino (PDT). “Supremo decidiu com o fígado, não com a constituição. Supremo é grande, mas não é maior que esta Casa”, avaliou Donizeti Nogueira (PT/TO) favorável ao relaxamento da prisão.

“Hoje temos que acatar e cumprir decisão do Supremo por unanimidade. Devemos manter longe do dilúvio de ódio e paixões, temos por Delcídio imenso apreço, mas quem tomou decisão foi o Supremo que jamais seria errôneo. Acatar é dever de consciência, pesarosamente eu voto contra o relaxamento”, disse Marcelo Crivella (PRB/RJ).

Além de 73 senadores em plenário, a Casa de Leis contou com a presença de deputados federais. A situação é inédita na história do Brasil, Delcídio foi o primeiro senador a ser preso. O pedido de cárcere foi feito pelo STF (Supremo Tribunal Federal) com base em denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) que o acusa de obstruir investigação da Operação Lava Jato.

Caso – Delcídio é líder da presidente da República Dilma Rousseff (PT), já prestou depoimento à Polícia Federal e permanece preso desde a madrugada desta quarta-feira (25). Nas oitivas colhidas no decorrer da investigação o ex-diretor na estatal, Nestor Cerveró, citou o nome do petista na articulação para compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), contrato esse supostamente usado para desvio de dinheiro público e caso que desencadeou a Lava jato.

O petista teria ofertado mesada de R$ 50 mil para que Cerveró não aceitasse delação premida, bem como não mencionasse seu nome à polícia. A conversa foi gravada por um filho do ex-diretor e repassada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) ao Supremo para embasar o pedido de prisão.

Ele também traça rota de fuga ao depoente e afirma que o “foco” deve ser tirar o ex-diretor da Petrobras da prisão”. “Agora a hora que ele sair tem que ir embora mesmo”, sugere. O filho de Cerveró, então, cogita fugir pela Venezuela, mas o senador diz que seria melhor sair do Brasil pelo Paraguai, país que faz divisa com Mato Grosso do Sul.

Além dele, também foram presos o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado de Nestor Figueiró, Édson Ribeiro, e o banqueiro do BTG Pactual, André Esteves. O PT nacional disse não ser obrigada a se solidarizar à situação e se desvinculou dos acontecimentos em nota oficial assinada pelo presidente Rui Falcão.

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