28 de março de 2024

Vida real na fronteira virou enredo de dois filmes gravados em MS em 2015

“Em Nome da Lei”, baseado na vida do juiz Odilon Oliveira, tem estreia prevista para o início de 2016; Bela Vista foi palco de “A Curva do Rio Sujo”, com Cauã Reymond.

Bela Vista e Dourados, duas cidades de Mato Grosso do Sul – a primeira delas bem ao lado da fronteira com o Paraguai – foram cenários de dois longas gravados em 2015 no Estado. As gravações trouxeram para cá três dos atores mais badalados do momento – Cauã Raymond, Mateus Solano e Paola Oliveira.

Em Dourados, as gravações de “Em Nome da Lei”, longa-metragem inspirado na trajetória do juiz federal Odilon de Oliveira, ocorreram entre março e maio. Cenas do filme foram rodadas no Clube Samambaia, onde foi montado o cenário do Fórum, num escritório de contabilidade na Rua João Rosa Góes, em residências, em um hotel desativado na Avenida Guaicurus e na Feira Livre da Rua Cuiabá, transformada em fronteira.

Durante dois meses, equipes da produção, da parte técnica e os próprios atores conviveram com moradores da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. Foram a festas, boates e bares e até participaram de comemorações em família com figurantes do filme.

Paola e grande elenco – Paola Oliveira interpreta a promotora Marines, que na ficção vive um romance com o juiz Vítor, seu aliado no combate ao crime organizado. Além dela, fazem parte do elenco Chico Díaz, Emílio Dantas, Juliana Lohmann, Roberto Brindelli, Rômulo Estrela e Sílvio Guindane. Chico Díaz é Gómez, o chefe do crime. Rômulo Estrela é o jornalista paulistano que ajuda o juiz Vítor a desmantelar o império do crime na fronteira.

Apesar de inspirado na trajetória de Odilon de Oliveira, o filme é uma obra de ficção. “É cinema, tudo de mentirinha”, disse recentemente a produtora Camila Medina. O juiz esteve em Dourados durante as gravações para conhecer pessoalmente os atores e acompanhar um dia de gravações.

Pelo menos 18 atores douradenses foram selecionados para o elenco, assim como outras 600 pessoas da cidade que fizeram papel de figurantes. As gravações duraram sete semanas. O filme será distribuído pela Fox.

Ao todo, 731 pessoas trabalham nas gravações, segundo a produtora executiva Camila Medina, da Morena Filmes. Foram contratadas 30 pessoas, entre pintores de cenário, assistentes e motoristas.

Realidade nua e crua – Com estreia prevista para o primeiro semestre de 2016, “Em Nome da Lei” vai trazer para próximo do público uma realidade pouco conhecida dos centros urbanos brasileiros, abordando a história de um jovem juiz que se utiliza de todos os recursos para fazer cumprir a lei na fronteira Brasil-Paraguai. Uma árdua missão que devassa sua vida pessoal, perseguição, paranoia, medo e tensão por ter sua vida e de sua família ameaçada fazem desse personagem o herói que o Brasil de hoje quer ver e encontrar naqueles que representam a lei.

Apesar de 100% gravado em Dourados, “Em Nome da Lei” retrata a fronteira seca do Brasil com o Paraguai, por onde passa 75% da maconha consumida no país e rota de tráfico de cocaína, armas e contrabando.

As facetas do crime – Sérgio Rezende disse que escolheu o juiz Odilon para compor o enredo do filme para mostrar as facetas do contrabando e do tráfico de drogas na região de fronteira. “Comecei a ver a história dele e achei uma coisa rica. Essa é uma questão do Brasil que ganha um calor do público que quer ver um judiciário ativo, eficaz, honesto. Percebemos isso pelo fato de juízes terem se tornado heróis brasileiros, como a juíza assassinada no Rio e como o juiz Joaquim Barbosa no Supremo”, afirmou ele ementrevista coletiva durante as gravações.

Rezende esteve em Campo Grande para conversar com o juiz e conhecer os personagens reais da história que se tornou enredo de filme. “O cinemabrasileiro é forte quando conta histórias brasileiras, não podemos ficar clonando filmes europeus. O que ganha nas bilheterias são filmes brasileiros, como Carandiru e Cidade de Deus. O objetivo é mostrar a atuação do judiciário e a questão das fronteiras brasileiras junto com a tentativa de barrar as drogas. Sabemos que temos um prejuízo de 100 bilhões com o contrabando”.

Dourados – O diretor explicou o motivo da escolha de Dourados para as gravações. “Grande parte do que estamos fazendo aqui poderíamos fazer no Rio de Janeiro, dentro de estúdios, mas não teria a mesma geografia, essa paisagem física e humana própria da região. Queria uma cidade menor, tipo filme de faroeste. Será um filme atraente”.

“É um barato estar aqui no Estado, a gente recebe um carinho das pessoas, que é excepcional. Meu personagem Vítor tem uma sede de Justiça muito grande e vai para a fronteira tentar resolver o problema do contrabando e onde conhece a personagem da Paola, que também tem essa sede. É muito legal contracenar com uma pessoa com quem já trabalhou mais de uma vez”, disse Mateus Solano.

Cauã em Bela Vista – A população de Bela Vista, cidade a 322 km de Campo Grande, na região sudoeste do Estado e fronteira com o Paraguai, recebeu o ator Cauã Reymond de braços abertos, em junho de 2015.

Com a cabeça raspada, um celular na mão para as e selfies e a mente aberta para novos conhecimentos, Cauã se misturou aos moradores e transformou em visita turística o período em que esteve na cidade para gravar o longa “A Curva do Rio Sujo”, filme de Felipe Bragança baseado no livro de contos homônimo de Joca Reiners Terron. Pouco foi divulgado sobre o filme, que conta a história de um romance entre um jovem brasileiro e uma moça paraguaia.

Ao contrário do filme rodado em Dourados, que teve exposição dos atores e até das gravações bem acima do comum, “A Curva do Rio Sujo” foi feito quase no anonimato. Os atores não falaram com a imprensa, a produção não liberou imagens dos sets e até os figurantes mantiveram o segredo.

Além de frequentar a academia da cidade, andar de bicicleta e enfrentar o assédio das fãs, o ator esteve na aldeia Pirakuá antes do início das gravações. Depois do contato com a comunidade, Cauã postou fotos dos guarani-kaiowá, os “muitos sorrisos lindos” e a imagem de uma garota de aparelho.

A postagem provocou muitos comentários nas redes sociais, alguns bem preconceituosos, como já era de se esperar. “Que moderna…índia de aparelho ortodôntico” postou uma seguidora de Cauã. “Índia usando aparelho. Kiakiakia”, reforçou outro.

“Como assim de aparelho? Com toda certeza todos merecemos ter boa saúde digo todos sem discriminação”, reclamou outra fã.

Durante as gravações, que duraram 20 dias, Cauã voltou à aldeia para participar das cenas do filme em que um pistoleiro é contratado para matar o líder da tribo. Usou cocar dos guarani-kaiowá, almoçou ao lado da equipe técnica sob a sombra de árvores e até dispensou o dublê em cenas com a motocicleta.

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